terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O Velho Mirante

O Velho Mirante tem origens ainda não completamente esclarecidas, mas tornou-se, na segunda fase da história da Pontinha, iniciada em meados do século passado, no autêntico ex-libris da freguesia. Constou durante anos que servira de posto da Mala-posta, mas nunca se encontrou nenhuma informação ou prova documental que o confirmasse.

Para além do facto de este edifício estar situado numa zona que corresponderá à antiga Quinta da Pontinha, existente, pelo menos, desde 1622 (como documentámos no capítulo anterior), a única referência que encontrámos para a sua origem aponta para uma utilização associada à caça, o que também sabemos que era uma prática usual nestas paragens, designadamente pelos moradores da Quinta da Boa Vista ou do Falcão. Quem sustenta que o “Velho Mirante” servia tal função, é Álvaro Corte Real, no seu estudo académico de 1973:

“(…) um antigo pavilhão de caça de uma das quintas aristocráticas que lá existiam, hoje transformado em casa de pasto, mas que de facto constitui a imagem mais presente do lugar”. Na realidade, desde há décadas que o Velho Mirante tem servido de afamado restaurante.

Embora seja interessante continuar a procurar informações mais substantivas sobre a origem daquele nobre edifício, o mais importante é que ele constitui a referência por excelência dos habitantes da freguesia, ao ponto de integrar o brasão da Junta e estar bem no coração da vila, imponente, dominador, preservando uma memória centenária que quase desapareceu na freguesia. No século XIX ainda se falava em “mirante”, atendendo à vista que proporcionava sobre a zona, estando hoje o Velho Mirante praticamente submerso pelos edifícios circundantes. Por isso, consideramos uma boa decisão da Assembleia Municipal de Odivelas ao considerá-lo em 2005, por unanimidade, Imóvel de Interesse Municipal, nos termos da informação dos serviços n.º 04/DCPC/SEPC/2005, de 2005.01.14, com a seguinte redacção:

Caracterização Histórico Artística

Época – século XVIII.

Síntese Histórica - Através de informação bibliográfica, do século XIX, sabe-se que o vale de Odivelas era dividido em pequenas propriedades de cultura intensiva, realizada pelos saloios. Fora desse vale, e na região que corresponde à Pontinha, a pequena propriedade desaparece e tende a acumular-se em grandes quintas como, por exemplo, a Quinta do Oliveira, da Condessa, do Mossamedeo, do Casal do Falcão (Pereira, 1910, p. 146). Segundo informações fornecidas pela Junta de Freguesia da Pontinha, não existem confirmações do que poderá ter sido o 'Velho Mirante', existe a hipótese de ser um ponto de paragem da Malaposta, ou ter pertencido à Quinta da Freira. Existe notícia da existência de um edifício arquitectonicamente semelhante na Quinta do Falcão.

Síntese Arquitectónica - Este edifício de arquitectura civil apresenta características arquitectónicas distintas: Barroco e 'estilo pombalino'. A fachada principal e as laterais são de 'estilo pombalino' pela afirmação de uma linguagem classicizante, depurada, evidenciada pela marcação distinta dos dois registos. A fachada posterior evidencia uma sensibilidade barroca na concepção de formas arquitectónicas helicoidais que permitem, através de um jogo de parede murária ondulante, conceber um sentido de movimento na estrutura arquitectónica, muito usual na arquitectura religiosa da época”.

Assim, se espera que, de agora em diante, o Velho Mirante mereça maior atenção da parte das entidades autárquicas, designadamente no estudo, conservação e fruição pela população, do mais simbólico edifício da freguesia da Pontinha.

Retirado de: http://www.pontinha.pt/sitemega/view.asp?itemid=130&catid=111


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