O povoamento da área que hoje é a Freguesia de Famões remonta a épocas
pré-históricas, havendo vestígios de ocupação humana pelo menos em datas que se
podem situar no 5.º milénio antes de Cristo.
Cerca de 1912, o investigador Vergílio Correia dava conta da existência de
duas estações arqueológicas em Famões, uma delas em terrenos dos Alvitos, de
que hoje não se conhecem vestígios.
Na década de 1920, Francisco Ribeiro, um amador de Arqueologia, fotografou e escavou quatro dólmens que descobriu na zona dos Trigaches. E foi já na década de 1960 que estes monumentos foram mais profundamente estudados e catalogados pelos especialistas Octávio da Veiga Ferreira e Vera Leisner, que encontraram inúmeros vestígios megalíticos na área que denominaram Necrópole dos Trigaches.
Infelizmente, por incúria ou outras razões, destes monumentos pré-históricos
resta apenas o espólio recolhido pelos investigadores, que actualmente faz
parte do Museu dos Serviços Geológicos, em Lisboa.
Em períodos anteriores ao séc. XVIII, Famões deveria ser um pequeno casal
agrícola (igual a tantos outros existentes na mesma região), tal como aparece
mencionado na confirmação de um aforamento feito pela Chancelaria de D. Afonso
V, em 1457. Nessa época, o casal de Famãees - assim era denominado este
"casal de pão" - pertencia à Gafaria de Almada (um hospital que acomodava
os gafos ou leprosos) e andava aforado ao tanoeiro Lopo Fernandes que o doou a
Beatriz Lourenço, os dois moradores em Lisboa (Chancelaria de D. Afonso V,
Livro 7 - Estremadura, fl. 56 v. e 57 f.). Esta é a primeira notícia que até
hoje foi possível encontrar relativa ao sítio de Famões. A partir do séc.
XVIII, o nome de Famões começa a ser mais comummente fixado em numerosos
documentos. Na Chorographia do Padre António de Carvalho (1712), Famões aparece
como um lugar, a par dos Pombais, entendendo-se um lugar como um aglomerado de
alguns (poucos) casais agrícolas. Nas Memórias Paroquiais de 1758, o pároco
refere que no lugar de Famões habitavam 44 pessoas.
Pelos registos da Décima da Cidade (um documento fiscal do período
pombalino), sabemos que o casal de Famões propriamente dito andava na posse de
um Manuel Francisco Camello, que ainda nessa altura tinha obrigações fiscais
com a Misericórdia de Almada, instituição onde os bens da Gafaria deverão ter
sido incorporados. Sobre a origem etimológica do nome de Famões pouco hoje se
poderá dizer. A sua originalidade é quase única, existindo apenas uma outra
localidade homónima no concelho do Bombarral.
Apesar de serem hoje mais excêntricos e, por esse mesmo motivo, terem
perdido a relativa importância que antes tinham, mantêm-se desde os finais da
Idade Média vários sítios ou lugares na toponímia actual. Estão neste caso o
sítio dos Alvitos (hoje Quinta do Alvito), um lugar alto, de atalaia sobre o
vale circundante; o Trigache, um lugar que poderá ter adquirido o nome a partir
de um certo tipo de trigo, produção abundante na região; o sítio dos Queimados
(hoje Casal das Queimadas), provavelmente um topónimo que poderá ter estado
ligado à existência de gente de tez escura, ou mesmo negra; sítios que
adquiriram o nome da paisagem, como muito provavelmente aconteceu com os
Campos, os Carrascos, o Outeiro, a Silveira, o Saramagal, ou da orografia, como
se nota na Barroca, no Cabeço do Bispo; por fim, lugares que obtiveram o seu
nome da gente famosa que os deu em arrendamento, como o sítio das
Comendadeiras, a Quinta do Abadesso ou a Quinta das Pretas d’El Rei.
retirado de: http://www.juntafreguesiafamoes.pt/default.aspx?id=2
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