segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Carochia (III)



Uma das “passeatas” que eu mais gostava era ir... à “Carochia”. Este lugar tinha algo de grandioso. Tínhamos de subir “serra acima”... atravessando campos, riachos e fontes. Era o olhar a “perder de vista” e ver os coelhos que a toda a altura corriam na nossa frente assim como perdizes... tordos e outra “passarada” que tal. Aí viviam os avós do meu amigo “Zé Manel”. Lembro-me do “Ti Toino” e da “Ti Joana” que viviam “lá em cima” como que “ermitões” que raramente desciam ao lugar. Tinham vacas e terreno para cultivar tudo o que a “terra dava”. Junto à pequena casa havia um tanque que recebia a água de um nascente que ali rebentara. Esse tanque serviu-nos muitas vezes de “piscina”. A água era fria mas... a vontade de brincar ali dentro fazia esquecer a temperatura da mesma. Só de lá saíamos quando as mãos e os pés estavam “encarquilhados” do frio...
Depois de nos secarmos comíamos pão caseiro com queijo e um copo de leite com café que a avó Joana arranjava. Assim que acabávamos de comer... “ala que se faz tarde” começavam as “explorações” ali junto à Serra da Amoreira. Entre carrascos e silvas saltávamos de pedra em pedra e as aventuras sucediam-se à velocidade da nossa imaginação... e até que a noite se pusesse...
Do “Ti Toino” recordo a satisfação, estampada no seu rosto, de nos ver por ali a brincar. Vejo-o sentado num pequeno “mocho” (banco feito dum tronco de árvore), um pequeno bigode e a fumar o seu “tabaco de onça”... ou então encostado a um pequeno “cajado” a olhar o gado... um alentejano “desterrado” no meio da Serra da Amoreira ... para cá do Tejo ...
Mais tarde, já muito velhote, havia de regressar ao “seu Alentejo” e lá morrer...
(Fotos pessoais)

1 comentário:

David Gomes disse...

Já que vim até ao Fundo da Sua Rua...porque não vem até ao Fundo do meu Corredor?
Não sei como vim aqui parar, mas gosto dos seus textos. É recomendavel para quem gosta de leitura e passar um bom bocado=D
abraço e continuação de bom trabalho!