quinta-feira, 16 de abril de 2009

Mosteiro São Dinis (III)

Uma comunidade dois estatutos

Jardim interior


Neste mosteiro viviam senhoras nobres com dois estatutos diferentes – as que professavam e eram freiras e as que nunca fizeram votos e eram simples recolhidas. As três primeiras abadessas estão neste número: D. Elvira Fernandes, D. Constança Lourenço e D. Urraca Pais.
A D. Elvira coube a tarefa de iniciar e organizar a vida desta comunidade, quando aqui se instalaram as primeiras religiosas. Não tive notícia do fim do seu abadessado, mas a 14 de Julho de 1300, já era abadessa D. Constança Lourenço, pois é assinada por ela, uma “constituição” de regras mais brandas, com o acordo do Rei, do Bispo de Lisboa e do Abade de Alcobaça, que igualmente assinaram. Esta D. Constança Lourenço pertencia a uma das mais nobres familias de Portugal e Castela e era irmã de D. Branca Lourenço, Senhora com a qual D. Dinis manteve uma relação amorosa, a quem doou a vila de Mirandela com seus termos, e provável mãe de D. Maria Afonso, cujo túmulo se conserva na Igreja do Mosteiro.
Em 1316 foi eleita pela comunidade D. Urraca Pais, por iniciativa da qual se reformou novamente a “constituição2, mas no sentido de maior rigor e observação da clausura, repondo a disciplina inicial.
No século XVI destacou-se a figura de D. Violante Cabral, familiar de Pedro Álvares Cabral (irmã ou sobrinha), pela boa governação da casa, e mais ainda por se lhe ficar a dever o auto da Cananeia, que Gil Vicente escreveu por encomenda sua e aqui representado em 1534 pela primeira vez.
No século XVII, por certo, a regra perdera todo o seu rigor, pois os ecos que até nós chegaram dão-nos indicios da brandura da regra. Segundo escritos desse tempo, D. Ana de Moura e D. Feliciana de Milão, despertaram o interesse do rei Afonso VI, que no largo do couto, exibia os seus dotes de cavaleiro na lida de touros.
No século XVIII, a todas sobrelevou a conhecida e famosíssima Madre Paula, que entrou no mosteiro com dezasseis anos incompletos. Para D. João V, vê-la e amá-la, foi inevitável. Que esses amores aconteceram, não temos como negá-lo, pois o seu fruto, o Infante D. José, que o rei legitimou e que foi criado com dois irmãos (de pai) em Palhavã.
Cozinha do Mosteiro
Fonte: Páginas 36, 37 e 39 do livro: “Odivelas - Uma viagem ao Passado” de Maria Máxima Vaz

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