quarta-feira, 15 de julho de 2009

O Coreto de Odivelas – II


É de admitir que antes da construção do CORETO já existisse nos habitantes locais, uma enraizada tradição e gosto musical, como ainda se verifica e é praticado na actual Banda.
Em 1863 é fundada a SOCIEDADE PHILARMÓNICA ODIVELENSE, com sede no actual Largo D. Dinis, cujos estatutos preveem apenas duas qualidades de sócios: os tocantes e os ouvintes. Mais tarde a designação da colectividade é transformada em SOCIEDADE UNIÃO 29 DE JUNHO DE 1863, mas, tal como a primeira, a principal finalidade é a Banda de Música. São estas, em resumo, as origens da actual SOCIEDADE MUSICAL ODIVELENSE.
Não se pode falar desta colectividade sem enaltecer, mais uma vez, o vigor do associativismo e da força de vontade, do poder das pessoas quando unidas com propósitos válidos. Refiro o seguinte facto: a aquisição do terreno e a construção inicial da actual sede foram obra de um grupo de indivíduos que cerca dos anos 1928/29 formaram uma COMISSÃO PRÓ-MELHORAMENTOS e assim custeram o empreendimento das Acções.
A existência desde 1863 de uma Banda de Música em Odivelas, justificava plenamente a ambição de dispôr de um CORETO, não só desejado pelos executantes, pela exigência do aperfeiçoamento musical, mas também pelos “ovintes” como local público e permanente de audição.
Além disso os concertos nos coretos requeriam uma certa qualidade. Nos documentos consultados, refere-se uma despesa especial, em 1833, de pagamento ao mestre, por “toque no coreto”.
Pelos factos citados era importante possui um CORETO e, naturalmente, constatavam-se as tentativas para o obter. Assim, em 12 de Junho de 1889 “A Assembleia reunida, a fim de tratar dos festejos a fazer no dia 29 de Junho, aniversário da Sociedade, resolveu que a Direcção se encarregaria de solicitar à Exmª Câmara de Belém, o empréstimo de madeira e panos dalgum dos coretos que serviam nas festas, a fim de ser armado no Largo do Couto e ali tocar a philarmónica não só no dia 29, ams também aos domingos”.
No que se refere à construção do actual CORETO, pode-se afirmar que se iniciou em 1910 tendo sendo concluido em 1913, como se conclui da “Relação dos subscritores para o acabamento do coreto na Praça D. Dinis em Odivelas”. Foi transferido em 1951/52 para o jardim, onde actualmente se encontra, para no mesmo sitio ser colacada a estátua da Rainha Santa.


Texto retirado de: “O Coreto” – Publicação da Junta de Freguesia de Odivelas (1997)
Fotos minhas.

3 comentários:

Isabel de Odivelas disse...

Como fazendo parte da Direcção da SMO fiquei muito agradavelmente surpreendida pelo seu interesse na nossa instituição. Só para que conste; estamos vivos e contamos consigo e com todos os que quiserem participar na vida desta colectividade. O meu bem haja. Isabel Moura Pinto

BRAZEX disse...

Infelizmente não guardo boas memórias da SMO, na altura o "maneta" não me deixava entrar para ver os filmes...para a Isabel uma mensagem de parabéns pela continuação do trabalho desenvolvido para não deixar morrer esta instituição.

António Serra disse...

Carissímos,

Também eu na SMO assisti a sessões de cinema (quer na sede... quer ainda na "Cine-Esplanada" - actualmente parque de estacionamento) e lembro-me desse senhor que vulgarmente chamávamos de "maneta". Era o único "Cinema", mais próximo, que dispunhamos na altura. Mas os tempos são outros e há que nos adaptarmos a eles. Porque não fazerem reposição de algumas "obras-primas" do cinema europeu? Aqui fica a sugestão e os votos de "longa vida" à SMO e a quem a preserva.

António Serra