sexta-feira, 7 de novembro de 2008

As Quintas da Paiã


Hoje vamos um pouco mais para oeste do Concelho. Vamos até às quintas da Paiã. Outrora lugares de refúgio dos lisboetas...

Todo o vale da Paiã e a própria Freguesia da Pontinha faziam parte, no século XIX, da freguesia de Carnide. Toda esta área estava dividida em quintas e casais de que restam ainda algumas das designações iniciais (nomeadamente a Quinta do Enforcado).
As quintas eram parte da zona saloia, também chamada Termo de Lisboa, e os seus habitantes dedicavam-se à agricultura, vendendo depois os seus produtos nos mercados da capital (o Rio da Costa foi utilizado para o escoamento de produtos hortícolas).
Os arredores de Lisboa eram local de veraneio para as famílias burguesas da capital, dos séculos XVII e XVIII, onde passavam férias, convalesciam, vinham dar à luz.
Na Paiã, mais concretamente, foram edificadas várias capelas e ermidas, que deram muitas vezes nome às quintas em que estavam integradas.
Chegaram a habitar neste vale os frades de Rilhafoles. Em consequência do terramoto 1755 «a Paiã viu aumentar a sua população em cerca de quatrocentas pessoas que fugiam ao terror da destruição de Lisboa»
Com o passar dos anos, as quintas foram sendo abandonadas e passaram para a administração primeiro da Junta Distrital de Lisboa, agora do Governo Civil de Lisboa. Dada a sua vocação agrícola estiveram também sob a chancela da Escola Profissional Agrícola cujos terrenos cultivava e cuidava. Devido a isto muitos funcionários da escola passaram a habitar as casas das Quintas.

Quinta de Santo Elóy

Provavelmente o mais belo edifício dos que constituem o núcleo a que chamámos Quintas da Paiã.
Situado na confluência da Estrada da Paiã com a Estrada de Stº Elóy, esta quinta data de há cerca de 200 anos. Segundo um folheto da Junta de Freguesia da Pontinha a casa teria sido mandada construir pelo Marquês de Pombal, em consequência do terramoto de 1755.
O edifício, de traça neoclássica, conserva ainda hoje uma certa imponência. Os tectos da casa retratavam cenas campestres, o mesmo acontecendo como os vitrais das bandeiras das portas.
Aqui existiram grandes pomares de laranjeiras e nogueiras, havendo também uma horta e uma adega.
A casa foi utilizada como Enfermaria daí as divisões serem inicialmente poucas. Posteriormente foi dividida em quatro habitações, utilizadas por funcionários da Escola Agrícola da Paiã.
O adiantado estado de degradação da casa, visível na fachada, nos telhados, etc. parece agora irreversível…
Uma mais atenta observação parece indicar que a casa foi aumentada, uma vez que, se repararmos, a fachada não é uniforme: de um lado temos um friso de azulejos policromos, perto da beirada do telhado, , do outro uma barra em azul, algo desvanecida. Do mesmo modo, de um lado temos apenas janelas, do outro pequenas varandas com as guardas em ferro forjado. O mesmo se constata no telhado que não é uno.


Nota: Maio de 2008 – Trabalho dos Alunos do 1º Ano da Turma D Curso Profissional da Técnico de Gestão de Ambiente.

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